não ser

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Nunca sendo capaz de estar mais perto dela, decidi me tornar o nada que cabia em suas mãos, mas não tocar,
encaixar em sua boca, mas não beijar,
caber em sua mente, mas não pensar.

Então, sem ela suspeitar,
lá estava eu, acariciando seu gato,
falando com sua voz sensual e, o mais surpreendente, sendo tudo o que ela não conseguia decifrar claramente em sua mente.

Era tão confortável não ser nada mais do que uma rajada de vento que às vezes lhe invadia os poros, às vezes a fazia suar; os caprichos do tempo me permitiram tocar sua pele com total liberdade sem lhe dar qualquer indicação.

Eu era agora o mais amoroso e dedicado nada, o nada agradável, o nada transparente, o nada fiel que a abraçava com ternura.

O nada perfeito porque não se apega, o nada que chega porque nada quer, aquele que sempre é e nunca desaparece.

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